"Aprendi com a primavera a me deixar cortar. E a voltar sempre inteira." (Cecília Meireles)
domingo, outubro 28, 2007
segunda-feira, setembro 24, 2007
(des) esperança
Confesso
que ainda te amo. Por isso criei esse espaço, para te falar de mim como se
aqui ainda pudesses escutar o meu coração. Sempre pensei que
amar era tudo o que eu precisava para ser feliz, mas sabes tão bem como eu que
amar não chega. E depois, quando amamos, temos de fazer alguma coisa com o
nosso amor quando já não somos mais amados, mesmo que seja coleccionar canções,
poemas, imagens e tudo o que nos traga migalhas de esperança. Em vão... Se há
algo que nada tem a ver com o amor é a esperança. A esperança mata lentamente o
pouco de nós que resiste ao abandono. Há-de chegar o momento em que uma
sensação definitiva de vazio me desperte para uma vida onde tu já não existes.
Nem o teu nome, nem o teu sorriso, nem o teu olhar significarão mais nada.
Então o amor terá simplesmente acabado da mesma forma como começou, por mero
acaso, no momento em que olhei para ti. Tem de ser assim, porque não pode ser
de outra forma. Nenhuma esperança poderá reacender em ti a chama, porque já
vives nessa outra vida em que eu já não sou e já não estou. Mas nada do que
faças poderá matar o meu amor por ti. O teu desprezo, a tua indiferença, a tua frieza,
servem apenas para me dar razões para não te amar, mas não para deixar de te
amar. O amor é meu, e não tens esse poder.
sábado, maio 26, 2007
Não te aflijas
(Flowers, Robert Mapplethorpe)
Não te aflijas com a pétala que voa:
também é ser, deixar de ser assim.
Rosas verá, só de cinzas franzida,
mortas, intactas pelo teu jardim.
Eu deixo aroma até nos meus espinhos
ao longe, o vento vai falando de mim.
E por perder-me é que vão me lembrando,
por desfolhar-me é que não tenho fim.
(c) Cecília Meireles
domingo, maio 13, 2007
Você não sabe...
Num apartamento perdido na cidade, alguém está tentando acreditar
que as coisas vão melhorar ultimamente.
A gente não consegue ficar indiferente debaixo desse céu
No meu apartamento você não sabe o quanto voei,
o quanto me aproximei de lá da Terra
As luzes da cidade não chegam as estrelas sem antes me buscar.
Na medida do impossível tá dando pra se viver.
Na cidade de Lisboa, o amor é imprevisível como você e eu e o céu.
(Rita Lee)
quinta-feira, maio 03, 2007
Patético
Desconheço o que o amanhã anunciará.
Todavia continuo a enviar cartas patéticas.
Porém não as escrever seria absurdo.
Palavras e pensamentos encarcerados são um veneno oculto.
Podem induzir um coma de antecipação.
Resta-me apenas celebrar as minhas fraquezas.
Já que meditar nas cogitações da vida é absolutamente fútil.
terça-feira, maio 01, 2007
Uma nódoa do passado...
Porque nada te poderei dar senão a mágoa de me veres eternamente exausto...
No entanto a tua presença é qualquer coisa, como a luz e a vida...
E eu sinto que em meu gesto existe o teu gesto...
E em minha voz, a tua voz...
Não te quero ter, pois em meu ser tudo estaria terminado...
Quero só que surjas em mim como a fé nos desesperados...
Para que eu possa levar uma gota de orvalho nesta terra amaldiçoada...
Que ficou em minha carne como uma nódoa do passado...
Eu deixarei...
Tu irás e encostarás tua face em outra face...
Teus dedos enlaçarão outros dedos e tu desabrocharás para a madrugada...
Mas tu não saberás que quem te colheu fui eu...
porque eu fui o grande íntimo da noite...
Porque eu encostei minha face na face da noite e ouvi a tua fala amorosa...
Porque os meus dedos enlaçaram os dedos da névoa suspensos no espaço
E eu trouxe até mim a misteriosa essência do teu abandono desordenado.
E eu ficarei só como os veleiros nos portos silenciosos
Mas eu te possuirei mais que ninguém, porque poderei partir.
E todas as lamentações do mar, do vento, do céu, das aves, das estrelas, serão a tua voz presente, tua voz ausente, a tua voz serenizada.
(Vinícius de Moraes in "Ausência")
sexta-feira, abril 27, 2007
Doce presença
Sei que mudamos desde o dia em que nos vimos
li nos teus olhos que escondiam meu destino luz tão intensa,
a mais doce presença no universo desse meu olhar
nós descobrimos nossos sonhos esquecidos e aí ficamos
cada vez mais parecidos mais convencidos,
quanto tempo perdido no universo desse meu olhar
como te perder ou tentar te esquecer
ainda mais que agora sei que somos iguais
e se duvidares, tens as minhas digitais
como esse amor pode ter fim
já tens meu corpo, minha alma, meus desejos
se olhar pra ti, estou olhando para mim mesmo
fim da procura tenho fé na loucura
de acreditar que sempre estás em mim
(Vítor Martins-Ivan Lins)
domingo, abril 22, 2007
Palabras
Esta noche al oído me has dicho dos palabras
Comunes.
Dos palabras cansadas
De ser dichas. Palabras
Que de viejas son nuevas.
Dos palabras tan dulces que la luna que andaba
Filtrando entre las rama
Se detuvo en mi boca.
Tan dulces dos palabras
Que una hormiga pasea por mi cuello y no intento
Moverme para echarla.
Tan dulces dos palabras - Que digo sin quererlo -
¡oh, qué bella, la vida!
Tan dulces y tan mansas
Que aceites olorosos sobre el cuerpo derraman.
Tan dulces y tan bellas
Que nerviosos, mis dedos,
Se mueven hacia el cielo imitando tijeras.
Oh, mis dedos quisieran
Cortar estrellas.
(Alfonsina Stormi)
sábado, abril 21, 2007
Prá lhe dizer que isso é pecado
Já conheço os passos dessa estrada
Sei que não vai dar em nada
Seus segredos sei de cor
Já conheço as pedras do caminho
E sei também que ali sozinho
Eu vou ficar tanto pior
O que é que eu posso contra o encanto
Desse amor que eu nego tanto, evito tanto
E que no entanto volta sempre a enfeitiçar
Com seus mesmos tristes velhos fatos
Que num álbum de retrato eu teimo em colecionar
Lá vou eu de novo feito um tolo,
Procurar o desconsolo
Que eu cansei de conhecer
Novos dias tristes,
Noites claras, versos, cartas
Minha cara, ainda volto a lhe escrever
Pra lhe dizer que isso é pecado
Eu trago o peito tão marcado
De lembranças do passado
E você sabe a razão
Vou colecionar mais um soneto
Outro retrato em branco e preto
A maltratar meu coração
(c) Tom Jobim e Chico Buarque in "Retrato em Branco e Preto"
quarta-feira, abril 18, 2007
Perdoar e Esperar
Ainda em desamor, tempo de amor será.
Seu tempo e contratempo.
Nascendo espesso como um arvoredo
E como tudo que nasce, morerendo
à medida que o tempo nos desgasta.
Amor, o que renasce.
Voltando sempre.
Docilmente sábio
Porque na suavidade nos convence
A perdoar e esperar.
Em vida. Em paz.
(c) Hilda Hilst
segunda-feira, abril 02, 2007
Quanta traição existe...
Quanto de ti, amor, me possuiu no abraço
em que de penetrar-te me senti perdido
no ter-te para sempre
Quanto de ter-te me possui em tudo
o que eu deseje
ou veja não pensando em ti
no abraço a que me entrego
Quanto de entrega é como um rosto aberto,
sem olhos e sem boca,
só expressão dorida
de quem é como a morte
Quanto de morte recebi de ti,
na pura perda de possuir-te em vão
de amor que nos traiu
Quanta traição existe em possuir-se a gente
sem conhecer que o corpo não conhece mais que o sentir-se noutro
Quanto sentir-te e me sentires não foi
senão o encontro eterno
que nenhuma imagem jamais separará...
(c) Jorge de Sena, in Visão Perpétua
quarta-feira, março 21, 2007
Palavras são palavras
Eu sei que eu tenho um jeito meio estúpido de ser
E de dizer coisas que podem magoar e te ofender
Mas cada um tem o seu jeito todo próprio de amar
E de se defender
Você me acusa e só me preocupa
Agrava mais e mais a minha culpa
E eu faço e desfaço, contra feito
O meu defeito é te amar demais.
Palavras são palavras
E a gente nem percebe
O que disse sem querer
E o que deixou pra depois
Mas o importante é perceber
Que a nossa vida em comum
Depende só e unicamente de nós dois
Eu tento achar um jeito pra explicar
Você bem que podia me aceitar
Eu sei que eu tenho um jeito meio estúpido de ser
Mas é assim que eu sei te amar
(Isolda/Milton Carlos)
E de dizer coisas que podem magoar e te ofender
Mas cada um tem o seu jeito todo próprio de amar
E de se defender
Você me acusa e só me preocupa
Agrava mais e mais a minha culpa
E eu faço e desfaço, contra feito
O meu defeito é te amar demais.
Palavras são palavras
E a gente nem percebe
O que disse sem querer
E o que deixou pra depois
Mas o importante é perceber
Que a nossa vida em comum
Depende só e unicamente de nós dois
Eu tento achar um jeito pra explicar
Você bem que podia me aceitar
Eu sei que eu tenho um jeito meio estúpido de ser
Mas é assim que eu sei te amar
(Isolda/Milton Carlos)
segunda-feira, março 19, 2007
Um tempo de te amar
Preciso conduzir um tempo de te amar
Te amando devagar e urgentemente
Pretendo descobrir no último momento
Um tempo que refaz o que desfez
Que recolhe todo sentimento,
e bota no corpo uma outra vez
Prometo te querer, até o amor cair doente
Prefiro então partir a tempo de poder
A gente se desvencilhar da gente
Depois de te perder,
te encontro com certeza
Talvez no tempo da delicadeza
Onde não diremos nada, nada aconteceu
Apenas seguirei como encantado ao lado teu
(c) Cristovão Bastos/Chico Buarque in "Todo Sentimento"
segunda-feira, março 12, 2007
Amor, meu grande amor
Não chegue na hora marcada
Amor, meu grande amor
Me chegue assim bem de repente
Sem nome ou sobrenome
Sem sentir o que não sente ...
Amor, meu grande amor
Só dure o tempo que mereça
E quando me quiser
Que seja de qualquer maneira
Enquanto me tiver
Que eu seja a última e a primeira
E quando eu te encontrar, meu grande amor
Me reconheça ...
Amor, meu grande amor
Que eu seja a última e a primeira
E quando eu te encontrar, meu grande amor
Por favor, me reconheça
(Ângela Rô Rô, in "Amor, meu grande amor")
segunda-feira, março 05, 2007
Metade
Que a força do medo que eu tenho,
não me impeça de ver o que anseio
Porque metade de mim é o que eu grito,
mas a outra metade é silêncio...
(...)
Que essa minha vontade de ir embora
se transforme na calma
e na paz que eu mereço
E que essa tensão que me corrói por dentro
seja um dia recompensada
Porque metade de mim é o que eu penso
mas a outra metade é um vulcão
(...)
Que não seja preciso
mais do que uma simples alegria
para me fazer aquietar o espírito
Porque metade de mim é a lembrança do que fui,
e a outra metade eu não sei
(...)
E que o teu silêncio me fale cada vez mais
Porque metade de mim é abrigo,
mas a outra metade é cansaço
(...)
E que a minha loucura seja perdoada,
Porque metade de mim é amor,
e a outra metade...também...
(Oswaldo Montenegro, in “Metade”)
sexta-feira, março 02, 2007
Amor e Sexo
Amor é um livro, sexo é esporte
Sexo é escolha, amor é sorte
Amor é pensamento, teorema
Amor é novela, sexo é cinema
Sexo é imaginação, fantasia
Amor é prosa, sexo é poesia
O amor nos torna patéticos
Sexo é uma selva de epiléticos
Amor é cristão, sexo é pagão
Amor é latifúndio, sexo é invasão
Amor é divino, sexo é animal
Amor é bossa nova, sexo é carnaval
Amor é para sempre, sexo também
Sexo é do bom, amor é do bem
Amor sem sexo é amizade
Sexo sem amor é vontade
Amor é um, sexo é dois
Sexo antes, amor depois
Sexo vem dos outros e vai embora
Amor vem de nós e demora
Amor é isso, sexo é aquilo
E coisa e tal, e tal e coisa...
Ai, o amor...Hum, o sexo...
(Rita Lee)
Sexo é escolha, amor é sorte
Amor é pensamento, teorema
Amor é novela, sexo é cinema
Sexo é imaginação, fantasia
Amor é prosa, sexo é poesia
O amor nos torna patéticos
Sexo é uma selva de epiléticos
Amor é cristão, sexo é pagão
Amor é latifúndio, sexo é invasão
Amor é divino, sexo é animal
Amor é bossa nova, sexo é carnaval
Amor é para sempre, sexo também
Sexo é do bom, amor é do bem
Amor sem sexo é amizade
Sexo sem amor é vontade
Amor é um, sexo é dois
Sexo antes, amor depois
Sexo vem dos outros e vai embora
Amor vem de nós e demora
Amor é isso, sexo é aquilo
E coisa e tal, e tal e coisa...
Ai, o amor...Hum, o sexo...
(Rita Lee)
quinta-feira, março 01, 2007
Um Amor Impossível
quarta-feira, fevereiro 28, 2007
Pour Toi
Notre vie est divisée, et comme distribuée dans une balance, en deux plateaux opposés où elle tient tout entière. Dans l'un, il y a notre désir de ne pas déplaire, de ne pas paraître trop humble à l'être que nous aimons sans parvenir à le comprendre, mais que nous trouvons plus habile de laisser un peu de côté pour qu'il n'ait pas ce sentiment de se croire indispensable, qui le détournerait de nous; de l'autre côté il y a une souffrance - non pas une souffrance localisée et partielle - qui ne pourrait au contraire être apaisée que si, renonçant au plaisir de plaire à cette femme et à lui faire croire que nous pouvons nous passer d'elle, nous allions la retrouver. Qu'on retire du plateau où est la fierté une petite quantité de volonté qu'on a eu la faiblesse de laisser s'user avec l'âge, qu'on ajoute dans le plateau où est le chagrin une souffrance physique acquise et à qui on a permis de s'aggraver, et au lieu de la solution courageuse qui l'aurait emporté à vingt ans, c'est l'autre, devenue trop lourde et sans assez de contre-poids, qui nous abaisse à cinquante.
(Marcel Proust)
quarta-feira, fevereiro 21, 2007
Par délicatesse
Oisive jeunesse
A tout asservie,
Par délicatesse
J'ai perdu ma vie.
(c) Rimbaud, in CHANSON DE LA PLUS HAUTE TOUR
sábado, fevereiro 10, 2007
My Perfect Valentine's Day
Vai minha tristeza e diz a ela que sem ela
Não pode ser, diz-lhe numa prece
Que ela regresse, porque eu não posso
Mais sofrer. Chega de saudade a realidade
É que sem ela não há paz, não há beleza
É só tristeza e a melancolia
Que não sai de mim, não sai de mim, não sai
Mas se ela voltar, se ela voltar,
Que coisa linda, que coisa louca
Pois há menos peixinhos a nadar no mar
Do que os beijinhos que eu darei
Na sua boca, dentro dos meus braços
Os abraços hão de ser, milhões de abraços
Apertado assim, colado assim, calado assim
Abraços e beijinhos e carinhos sem ter fim
Que é pra acabar com esse negócio de você viver sem mim.
Não quero mais esse negócio de você longe de mim...
(Tom Jobim, Chega de Saudade)
Não pode ser, diz-lhe numa prece
Que ela regresse, porque eu não posso
Mais sofrer. Chega de saudade a realidade
É que sem ela não há paz, não há beleza
É só tristeza e a melancolia
Que não sai de mim, não sai de mim, não sai
Mas se ela voltar, se ela voltar,
Que coisa linda, que coisa louca
Pois há menos peixinhos a nadar no mar
Do que os beijinhos que eu darei
Na sua boca, dentro dos meus braços
Os abraços hão de ser, milhões de abraços
Apertado assim, colado assim, calado assim
Abraços e beijinhos e carinhos sem ter fim
Que é pra acabar com esse negócio de você viver sem mim.
Não quero mais esse negócio de você longe de mim...
(Tom Jobim, Chega de Saudade)
quinta-feira, fevereiro 08, 2007
Magic Kingdon Club
No TEMPO em que festejavam o dia dos meus anos,
Eu era feliz e ninguém estava morto.
Na casa antiga, até eu fazer anos era uma tradição de há séculos,
E a alegria de todos, e a minha, estava certa com uma religião qualquer. ...
No TEMPO em que festejavam o dia dos meus anos,
Eu tinha a grande saúde de não perceber coisa nenhuma,
De ser inteligente para entre a família,
E de não ter as esperanças que os outros tinham por mim. ...
No TEMPO em que festejavam o dia dos meus anos,
Que meu amor, como uma pessoa, esse tempo!
Desejo físico da alma de se encontrar ali outra vez,
Por uma viagem metafísica e carnal,
Com uma dualidade de eu para mim...
Fernando Pessoa (Álvaro de Campos),in Aniversário
Eu era feliz e ninguém estava morto.
Na casa antiga, até eu fazer anos era uma tradição de há séculos,
E a alegria de todos, e a minha, estava certa com uma religião qualquer. ...
No TEMPO em que festejavam o dia dos meus anos,
Eu tinha a grande saúde de não perceber coisa nenhuma,
De ser inteligente para entre a família,
E de não ter as esperanças que os outros tinham por mim. ...
No TEMPO em que festejavam o dia dos meus anos,
Que meu amor, como uma pessoa, esse tempo!
Desejo físico da alma de se encontrar ali outra vez,
Por uma viagem metafísica e carnal,
Com uma dualidade de eu para mim...
Fernando Pessoa (Álvaro de Campos),in Aniversário
quarta-feira, fevereiro 07, 2007
Gosto de Nova Iorque
Gosto de frio
Não gosto de chuva
Gosto de iogurte
Não gosto de nata
Gosto de pera
Não gosto de beterraba
Gosto de verde
Não gosto de amarelo
Gosto do campo na primavera
Não gosto da praia no verão
Gosto de fotografia
Não gosto de instalação
Gosto de cães e de gatos
Não gosto de cobras e ratos
Gosto de viajar
Não gosto de ficar
Gosto da noite
Não gosto da tarde
Gosto de arquitectura
Não gosto de casas de azulejo
Gosto da Beira Alta
Não gosto da Beira Baixa
Gosto do Pap’açorda
Não gosto da bica do sapato
Gosto de música clássica
Não gosto de heavy metal
Gosto de hotéis
Não gosto de acampamentos
Gosto de pintura
Não gosto de banda desenhada
Gosto do Sagres
Não gosto de Albufeira
Gosto de futebol
Não gosto de hóquei em patins
Gosto de ler
Não gosto de estudar
Gosto de edredon
Não gosto de cobertor
Gosto do Alentejo
Não gosto do Ribatejo
Gosto da Cindy Sherman
Não gosto da Sophie Calle
Gosto de São Paulo
Não gosto do Rio
Gosto de poesia
Não gosto de biografia
Gosto de uísque
Não gosto de rum
Gosto de queijo
Não gosto de patê
Gosto de cinema
Não gosto de vídeoclipe
Gosto de criança
Não gosto de adolescente
Gosto da Meryl Streep
Não gosto da Scarlett Johansson
Gosto de Mozart
Não gosto de Wagner
Gosto de comboio
Não gosto de autocarro
Gosto de jeans
Não gosto de saia
Gosto de café
Não gosto de tisanas
Gosto do Paul Auster
Não gosto do Lobo Antunes
Gosto de pipocas
Não gosto de rebuçados
Gosto de jogar gamão
Não gosto de jogar bridge
Gosto de guiar
Não gosto de ir ao lado
Gosto de rir
Não gosto de fingir
Gosto de plantas
Não gosto de bibelots
Gosto de jantar fora
Não gosto de casamentos
Gosto de beijo
Não gosto de qualquer beijo
Gosto de vinho tinto
Não gosto de vinho branco
Gosto de havaianas
Não gosto de saltos altos
Gosto de Milão
Não gosto de Turim
Gosto do cheiro de terra húmida
Não gosto de cheiro de igreja
Gosto do Caetano
Não gosto da Bethânia
Gosto de tulipas
Não gosto de margaridas
Gosto de lareira
Não gosto de salamandras
Gosto do Rodrigo Leão
Não gosto do Rui Veloso
Gosto do mar do Porto Santo
Não gosto do mar do Guincho
Gosto de Astrologia
Não gosto de Tarot
Gosto de Nova Iorque
Não gosto de Kuala Lumpur
Gosto da neve
Não gosto de calor
Gosto de política
Não gosto de concursos
Gosto de bossa nova
Não gosto de carnaval
Gosto de escrever
Não gosto de e-mails
Gosto de massagem
Não gosto de sauna
Gosto de sardinhas assadas
Não gosto de peixe frito
Gosto da Dulce Pontes
Não gosto da Mariza
Gosto de andar
Não gosto de correr
Gosto de silêncio
Não gosto de confusão
Gosto dos meus amigos
Não gosto quando não são
Gosto de gostar
Não gosto quando não gosto
Gosto de ti
Não gosto de ti...
terça-feira, fevereiro 06, 2007
Um outro azul
Blue, blue, my world is blue;
Blue is my world now
I'm without you;
Gray, gray, my life is gray;
Cold is my heart since you went away.
Red, red, my eyes are red
Crying for you alone in my bed
Green, green, my jealous heart
I doubted you and now we're apart
When we met how the bright sun shone
Then love died, now the rainbow is gone
Black, black, the nights I've known
Longing for you so lost and alone
Blue, blue, my world is blue;
Blue is my world now I'm without you.
Blue is my world now
I'm without you;
Gray, gray, my life is gray;
Cold is my heart since you went away.
Red, red, my eyes are red
Crying for you alone in my bed
Green, green, my jealous heart
I doubted you and now we're apart
When we met how the bright sun shone
Then love died, now the rainbow is gone
Black, black, the nights I've known
Longing for you so lost and alone
Blue, blue, my world is blue;
Blue is my world now I'm without you.
Words & Music by Pierre Cour & Andre Popp
English lyric by Brian Blackburn
Recorded by Paul Mauriat, 1968
segunda-feira, fevereiro 05, 2007
domingo, fevereiro 04, 2007
sábado, fevereiro 03, 2007
quinta-feira, fevereiro 01, 2007
Cartão Postal
Quando a gente gosta
É claro que a gente cuida
(Ilhabela)
Fala que me ama
Só que é da boca prá fora...
Só que é da boca prá fora...
(Maresias)
Ou você me engana
Ou você me engana
Ou não está madura
Onde está você agora?
(Caetano Veloso , "sozinho")
domingo, janeiro 28, 2007
quinta-feira, janeiro 25, 2007
terça-feira, janeiro 23, 2007
Mas não imune à paixão
Meu amor... Estamos quase em Fevereiro, as amendoeiras não tarda nada estão em flor, vem comigo ao Algarve! Ficamos naquela pousada que tu gostas, lá prós lados da carrapateira, apanhamos o primeiro sol do ano na Praia do Amado, e ao fim do dia (ainda te lembras?), dois quilos de percebes em Vila do Bispo! Depois, encho-te de beijinhos e don rodrigos fresquinhos, o que me dizes? Não te esqueças dos teus cds, ou levas com o meu Keith Jarret o caminho todo. Prometo que dormes até tarde e não faço barulho de manhã, não tiro fotografias e não leio o jornal, fico contigo em silêncio e espero. Por ti, espero.
Tudo aconteceu quando o Algarve era reinado por Ibne Almundim, poderoso entre os poderosos reis mouros. Mas não imune à paixão. Um dia, num grupo de prisioneiros de batalha, ele viu-a pela primeira vez Gilda, a princesa loura de olhos azuis, a Bela do Norte que desposou e libertou. E, todavia, ela definhava um pouco mais todos os dias, com saudades da neve que deixara para trás. Ibne Almundim percebeu que acabaria por perder Gilda e plantou no reino centenas de amendoeiras, que, na Primavera, rebentavam em flores brancas que substituíam a neve das terras nórdicas. E viveram felizes para sempre.
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