segunda-feira, março 05, 2007

Metade


Que a força do medo que eu tenho, 
não me impeça de ver o que anseio 
Porque metade de mim é o que eu grito, 
mas a outra metade é silêncio... 

(...) 

Que essa minha vontade de ir embora 
se transforme na calma e na paz que eu mereço 
E que essa tensão que me corrói por dentro 
seja um dia recompensada 
Porque metade de mim é o que eu penso 
mas a outra metade é um vulcão 

(...) 

Que não seja preciso mais do que uma simples alegria
 para me fazer aquietar o espírito 
Porque metade de mim é a lembrança do que fui, 
e a outra metade eu não sei 

(...) 

E que o teu silêncio me fale cada vez mais 
Porque metade de mim é abrigo, 
mas a outra metade é cansaço 

(...) 

E que a minha loucura seja perdoada, 
Porque metade de mim é amor, 
e a outra metade...também... 

 (Oswaldo Montenegro, in “Metade”)


6 comentários:

maria disse...

:)
É magnífico chegar a um lugar e encontrar uma "metade" assim!
Cada metade um excesso, um extremo, um exagero, um fim de abismo... quem me dera saber das minhas! :)

[Saltei até aqui depois de encontrar o nome num comentário, lá na Presença. Vi, no perfil, uma frase que me fez lembrar um livro de que gosto particularmente: "Ela é apenas Mulher" de Maria Archer e, não sei porquê, apeteceu-me mesmo entrar aqui e dizer isto... depois... bom, depois andei a saltar de post em post e sei que me vai apetecer voltar!]

SMA disse...

Gostei desse poema, acompanhado por uma belissima foto, como sempre nos tens presenteado.

Podemos pensar que a existência é a metade... Metade sou eu na existência. Eu sou a propria metade, a parte incompleta, aquela que não abarca.

Mas até a metade é o todo na sua propria metade... é o proprio preto e branco na sua tela.


Bjo doce

MM disse...

Olá Maria,
Obrigada pela companhia! Espero que volte sempre (antes ou depois depois de saltar os posts).
Ah...! Metades, corações partidos, caminhos desencontrados, vidas separadas, partes de nós um pouco espalhadas pelo mundo, um pouco em cada partida... Mas metade de mim é essa vontade de juntar pedaços, num ciclo de permanente esperança de um dia ficar inteira e reconhecer a face do amor que perdi. Bem Vinda!
Luz

MM disse...

Buenos dias Presença!
Sabes, apetece-me responder-te com uma letra do Chico Buarque (boa ideia para um novo post). Fica aqui um cheirinho:

"Oh, pedaço de mim
Oh, metade afastada de mim
Leva o teu olhar
Que a saudade é o pior tormento
É pior do que o esquecimento
É pior do que se entrevar..."

Adoro os teus beijos "doces"!

Siempre, Luz

SMA disse...

Muita musica me dás...

risos

MM disse...

E tu vais dançando ao som dos meus compassos!... LOL