"Aprendi com a primavera a me deixar cortar. E a voltar sempre inteira." (Cecília Meireles)
domingo, janeiro 28, 2007
quinta-feira, janeiro 25, 2007
terça-feira, janeiro 23, 2007
Mas não imune à paixão
Pentimento
(Lilian Hellman)
domingo, janeiro 21, 2007
Je ne parlerai pas
sábado, janeiro 20, 2007
Just the way you are
(Billy Joel)
sexta-feira, janeiro 19, 2007
A palavra é uma asa do silêncio
quinta-feira, janeiro 18, 2007
quarta-feira, janeiro 17, 2007
Eros_1
Eros_2
Eros_4
terça-feira, janeiro 16, 2007
Tks darling...
Quero agradecer, por teres-me feito compreender o quanto (ou nada) significo para ti.
Quero agradecer, por teres-me feito (finalmente) compreender o papel que me reservaste na tua vida.
Quero, por fim, agradecer, por o teres feito de forma tão clara que não me deixa margem para dúvidas.
É verdade. Alimentei essa dúvida a partir do momento em que deixei de alimentar a esperança. Vivo disso, de alimentar sonhos.
Os sonhos, os meus e os teus, perderam-se num passado que já não volta e que, de tão distante, parece mesmo que nunca existiu para além do próprio sonho.
A esperança foi algo que ficou desse sonho, e me fez morrer um pouco a cada dia enquanto dava lugar à dúvida, que foi o que restou de nós.
Quem és tu afinal? De que matéria és feita? O que tens no lugar do coração?
Mas a maior de todas as dúvidas é minha, e só minha: onde está a mulher que me amou, onde está a mulher que eu amei?
Por favor, vai de uma vez por todas, peço-te como um último desejo. Não voltes para te abrigar, não voltes por conveniência, simplesmente não voltes.
Se precisares de mim, e sei que vais, pensa no meu pedido e num gesto de ternura, se fores capaz, não me procures e pensa em mim de uma forma boa.
Tu foste um equívoco, e eu equivoquei-me. Não faz mal, porque aprendi muito contigo.
Também por isso te agradeço, por tudo o que me ensinaste.
Um dia isso tinha que ter fim, e mais do que nunca agradeço por isso.
Respira de alívio, como eu respiro. Sinto-me livre e calma, por ter saído da pior das solidões, que foi ter-te ao meu lado.
Acabaram-se as chegadas e as partidas, e qualquer coisa de nada entre uma e outra.
Estou livre e calma. Esgotou-se o vazio em mim.
Deixa-me assim…
segunda-feira, janeiro 15, 2007
Eu quero...
mas eu quero que você me entenda.
O que acontece aqui dentro já foi bom,
agora não é mais.
Numa tentativa de mudar as coisas,
vou beijar você, um beijo é bom mas eu quero mais!
O que eu quero é passear de mãos dadas no shopping.
Tomar um sorvete e assistir um filme da Júlia Roberts.
O que eu quero é acordar olhando pra você.
Passar o dia todo juntos vendo nada na TV.
Foto (c) Tanya Chalkin - Lyrics (c) VODKA FROG
...ser dois
Foto (c) Steven Underhill - Lyrics (c) VODKA FROG
com você!
Quem és tu?
Que voltas sempre
Quando já não te espero
Entras devagar no meu sono
Despertas o meu corpo inerte
Com as tuas mãos geladas
Das madrugadas de Janeiro
Quem és tu
Que invades os meus sentidos
Submersos na memória do teu corpo
Que te entregas sem êxtase
Cansada, rendida, sobrevivente
De outras madrugadas frias
Sem gestos de magia
Quem és tu
Que não te reconheço...?
sexta-feira, janeiro 12, 2007
Secretamente
Seus olhos estão perigosamente dentro de mim
aqui fizeram morada e estão como Deus em toda parte
se interpondo entre a paisagem mais próxima
entre a fresta de luz e a imagem tangenciando meu olhar
que não sabe olhar puro
que se trai a cada segundo.
Seus olhos estão perigosamente pousados sobre mim
como borboleta em flor cobrindo minha pele
em ternuras suaves como seda a farfalhar sobre os poros e os pelos.
Luzes que incendeiam em sublime música meu corpo aceso em sede
Sombras sobre minha noite embalam meu sono devassando meus sonhos
onde secretamente me assombram estando fora e sendo dentro
espelhos de amor intenso e imenso.
Nossos olhos estão perigosamente em comunhão
a despeito da separaçãoque a vida nos impõe.
E nossas vidas sob risco entre sermos felizes ou tristes
e nossos destinos por um triz entre sucessos e desatinos.
Secretamente espreitamos-nos como caminhos
à beira de atraentes abismos.
(Virgínia Schell)
Preferi o vento
quinta-feira, janeiro 11, 2007
Palavras Inúteis
Se há palavras inúteis, são as que te dediquei a ti. Ridículas, porventura, como diria o poeta, mas sem dúvida inúteis. Como foi em vão o tempo que nos separou, e o encontro adiado, que o será para sempre, como se da nossa natureza se tratasse. Pensei que te procurava nos amores que tive, mas naquela tarde soube que nunca estarias presente em qualquer forma de amor, que não fosse a tua obcecada mania de mim, o teu medo de mim, a tua incapacidade de ser, simplesmente. A tua casa, minúscula, sem alma, como tu. Os teus silêncios, o teu olhar, sem brilho e sem lugar... Porque me tocas e esperas tanto? Queres a salvação que não te posso dar? É tarde minha querida, muito tarde para nós. Tudo o que te quis um dia encontrei noutras mãos, noutros lábios, noutro sono. Sobrou o meu cansaço nos teus braços, a tua mão no meu cabelo, a tua boca na minha. Eram braços e eram mãos e era tua a boca, mas não estavas lá. Algum dia estiveste?
quarta-feira, janeiro 10, 2007
O fino traço da tua presença
Tu
E o de dentro da casa.
Entro
Como se entrasse
No papel adentro
E sem ser vista
Rasgo
Alguns véus e fibras
Sem ser amada
Pertenço.
Que sobreviva
O fino traço da tua presença.
Aroma. Altura.
E lacerada eu mesma.
Que jamais se perceba
Umas gotas de sangue na gravura.
(Hilda Hilst)
terça-feira, janeiro 09, 2007
O halo das coisas
(Clarisse Lispector)
domingo, janeiro 07, 2007
Queixa
Serpente, nem sente que me envenenou
Senhora, e agora, me diga onde eu vou
Senhora, serpente, princesa
Um amor assim violento
Quando torna-se mágoa
É o avesso de um sentimento
Oceano sem água
Ondas, desejos de vingança
Dessa desnatureza
Bateu forte sem esperança
Contra a tua dureza
Um amor assim delicado
Nenhum homem daria
Talvez tenha sido pecado
Apostar na alegria
Você pensa que eu tenho tudo
E vazio me deixa
Mas Deus não quer que eu fique mudo
E eu te grito esta queixa
(Caetano Veloso)
Falar de mim
Eu sei, há tanto tempo que não sabes nada...
Queres que te conte como é a tua ausência?
Gostavas de saber como sou depois de ti?
Digo-te uma coisa, só uma: sobrevivi-te.
Não é esse o destino dos amantes,
Não é esse o nosso dom secreto?
Devias aprender comigo, o sorriso dos lábios
Os mesmos que ainda sentem o teu gosto
E que escancaram enquanto os olhos não disfarçam
O limbo de estar aqui
Queres que fale de mim?
Olha-me, antes, e em silêncio escuta-me
Sou eu ainda, enquanto tu já não és...
quinta-feira, janeiro 04, 2007
Desperta-me De Noite
na vaga dos teus dedos com que vergas
o sono em que me deito
É rede a tua língua em sua teia
é vício as palavras com que falas
A trégua a entrega o disfarce
E lembras os meus ombros docemente
na dobra do lençol que desfazes
Desperta-me de noite com o teu corpo
tiras-me do sono onde resvalo
E eu pouco a pouco vou repelindo a noite
e tu dentro de mim vais descobrindo vales.
(Maria Tereza Horta)
Ternura
Foto (c) Luisa Ferreira
Embora o meu amor seja uma velha canção nos teus ouvidos
Das horas que passei à sombra dos teus gestos
Bebendo em tua boca o perfume dos sorrisos
Das noites que vivi acalentado
Pela graça indizível dos teus passos eternamente fugindo
Trago a doçura dos que aceitam melancolicamente.
E posso te dizer que o grande afeto que te deixo
Não traz o exaspero das lágrimas nem a fascinação das promessas
Nem as misteriosas palavras dos véus da alma...
É um sossego, uma unção, um transbordamento de carícias
E só te pede que te repouses quieta, muito quieta
E deixes que as mãos cálidas da noite encontrem sem fatalidade o olhar
Vinicius de Moraes in “Poesia Completa e Prosa”
quarta-feira, janeiro 03, 2007
Só o audaz abraço
Não me mandes para o canto
Quando digo a palavra nuca chupo-te suavemente até afundar o dente aqui?
Acaso estou te tocando?
Quando digo bico do peito a mão roça as dilatadas rosas dos peitos teus?
Toco-te acaso?
Toca, língua, acaso o canto de meus lábios e aprisiona na vasta cavidade do corpo que deseja ser tocado e cingido por tua língua quando nomeia por minha boca a palavra língua, acaso?
Não me mandes para o canto
Não faças de mim a testemunha que se olha te tocando com palavras
É a mão nomeada não o nome que deseja aprisionar tuas nádegas
– Fala-me– Como será?– O quê?– Tua voz
Fogo oculto na madeira do fogo que se expande?
É assim que será? O corpo da tua voz no instante em que não me mandes para o canto
Flui mel das romãs
Não quero tocar um fantasma nem quero a fantasia cortês do trovador à sua dama
É a ti, minha amada áspero corpo da amiga que desejo
Gesto de mútua apropriação, instante onde não se sabe os limites do tu, do eu
O nome e o nomeado em tersa conjunção que sabe não durará
E sabe que é mais eterno que o gume de um diamante
Alegre relâmpago de garra e de mordedura animal
O mais belo de todos os instintos impera aqui
Sua voz não tem tradução
Verbal moeda de intercâmbio
Não
Só o audaz abraço, minha amiga,responde aqui
(Diana Belessi)